sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Parkour - Treinar com Professor x Treinar sem Professor



Escrito por Paulo Gentil

Estão pipocando por aí as academias de "baixo custo" cuja filosofia é não ter professor ou ter apenas a quantidade suficiente para evitar problemas com a lei. Mas, para o praticante, essa economia pode sair caro, em primeiro lugar por colocar a saúde em risco e em segundo por não se alcançar os resultados desejados.

Nosso grupo realizou um estudo na Universidade de Brasília em que mais de 100 homens treinaram sob supervisão alta ou baixa. Na supervisão alta, havia 1 professor para cada 3-5 alunos e na baixa, 1 professor cuidava de 20-25 alunos. Os dois grupos faziam EXATAMENTE o mesmo treino, os mesmos exercícios, velocidade, intervalo entre as séries, quantidade de repetições, na mesma hora do dia... Mas ao final do estudo, o grupo com supervisão alta obteve 50% a mais de ganho de força no supino que o com supervisão baixa. Para piorar, quem teve supervisão baixa nem ao menos ganhou força nos membros inferiores!!

E olha que todos faziam o mesmo treino, agora imaginem se avaliássemos os que pegam treinos em revistas, redes sociais ou copiam de blogueiras?! A ação do professor é importante (prefiro o termo "ação" do que "presença", pois pode-se ter um sem ter o outro), não só para prescrever o treino, mas também para garantir que ele seja bem feito!

Sim, existem professores ruins, assim como existem mecânicos, dentistas, marceneiros, urologistas... mas nem por isso as pessoas devem abrir os motores dos seus carros, arrancar seus dentes, assentar suas portas ou examinar suas próprias próstatas! A solução não é fugir do profissional, mas sim procurar um que seja bom! E isso não é apenas um alerta para as "low-cost", mas também para as academias e profissionais que têm professores em sala e mesmo assim não valorizam a qualidade técnica e o atendimento.

O texto completo está disponível no meu perfil do Research Gate (www.researchgate.net/profile/Paulo_Gentil
). Sinceramente, considero esse artigo essencial para qualquer um que pretenda argumentar tecnicamente sobre a importância do acompanhamento, tanto que ele é citado pelo ACSM e pelos próprios Fleck & Kraemer.

(Paulo Gentil)

Gentil P & Bottaro M. (2010). Influence of supervision ratio on muscle adaptations to resistance training in nontrained subjects. J Strength Cond Res 24, 639-643.

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Treinar com Professor x Treinar sem Professor

Será que no parkour também é assim?
É !

Parkour não é uma atividade que tenha total necessidade de um professor. Falo isso porque nunca tive nenhum professor além de amigos experientes, infinitas pesquisas e tentativa e erro. E conquistei um excelente nível de força, técnica e conhecimento no Parkour.

Hoje, com toda tecnologia, vídeos, blogs etc. É possível ter uma boa iniciação ao parkour sem supervisão. Eu diria que 100% melhor que quando eu comecei até.

Mas ainda sim temos casos visíveis em que a evolução progressiva acompanhada de um professor com experiência em parkour e com alguma formação técnica (Faculdade ou cursos como o ADAPT) Que capacitam o praticante a ter uma visão de treinador/professor, dando-lhe maior olhar crítico sobre os exercícios e técnicas, a evolução do aluno se torna mais solida, trazendo benefícios funcionais que vão além do parkour.

Além de excelente performance nos treinos o aluno tem o corpo mais hábil para atividades diárias e mais qualidade de vida. Fora o risco de lesões que diminui drasticamente, dando mais segurança e confiança para os praticantes.

Como vemos no estudo abaixo (Focado em musculação), economizar em acompanhamento profissional pode lhe custar até 50% dos resultados mesmo que você saiba o que está fazendo.

O Brasil hoje conta com excelentes praticantes e professores de parkour em diversos estados. Se deseja começar a praticar, procure aulas na sua cidade. Algumas cidades tem projetos de aulas gratuitas e outros cobram mensalidade como qualquer outra academia/esporte. Mas o diferencial está no professor. Custando nada ou pagando caro, com alguém te acompanhando é bem melhor!

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Mensagem 2 - QUAL A MOTIVAÇÃO?




A próxima geração já chegou e esta evoluindo exponencialmente em ritmo acelerado!

Como professor de Educação Física e Profissional da área e até como tracer, eu acho essa "evolução precoce" incrível ! A movimentação, a fluidez, toda essa gama de habilidades em um alto nível técnico, coragem, criatividade etc. que uma criança/adolescente é capaz de atingir. Isso reforça nossos argumentos de como o parkour é maravilhoso.

Mas a questão é, QUAL A MOTIVAÇÃO? 

No post anterior (BRTracer - Mensagem), fiz uma reflexão sobre "a mensagem que esta perdendo a força, a essência está se diluindo." 
Leia e assista pra entender o contexto AQUI.

E hoje me deparo com esse vídeo, que como disse é incrível. Imagino a dedicação dessas crianças pra ter esse nível e fazer coisas que nem mesmo eu com mais tempo de treino faço. Mas me atormenta pelos mesmos motivos que citei no vídeo anterior.. 
Essa cultura que está cada dia mais forte não pode ser nossa motivação para nos movimentarmos, quando falo isso me sinto tentando parar um tsunami com uma peneira, mas não consigo aceitar essa mudança.

Cultura da competição, do vídeo mais visto, da disputa de quem faz o movimento mais ousado, da idolatria e da vontade de querer ser reconhecido. Se tudo isso já nos afeta negativamente imagine então essa cultura começando cada vez mais cedo. 

Pra entender e se aprofundar nesse assunto recomento o documentário "Esprit es-tu là ?" (O Espirito ainda existe?) Legendado.

https://www.youtube.com/watch?v=5Tow3qxjbO8

Quem já assistiu, o que achou? Sobre os vídeos, sobre os textos, sobre o documentário. Deixa um comentário ai.

* E repito a pergunta feita anteriormente: O que podemos fazer pra mudar essa cultura e nos aproximar da cultura ideal (ou a que existia nos primeiros anos de parkour em Lisses) ?

BRTracer - Mensagem [ Onde estão os mensageiros?]

https://www.youtube.com/watch?v=YGy_MHV1OiI&t=14s



Esse ainda é meu vídeo preferido!

As pessoas presentes no vídeo não foram apenas importantes para o meu desenvolvimento como tracer, mas também para o desenvolvimento do Parkour no Brasil de alguma forma.

Me lembro de ver esse vídeo em 2008/2009 e ter sido o ponto de virada da minha vida e da minha relação com o parkour. Lembro-me vagamente de treinos e pensamentos antes desse vídeo, não conseguia não sentir vergonha de mim mesmo depois de vê-lo.

Algumas duras palavras ditas nele moldaram minha visão e meu comportamento de modo que toda minha evolução e muito do que construí depois foi pautado nelas.

Todo o discurso do vídeo (inclusive a parte do Léo que não sabe como se expressar) tem muito valor pra mim, mas uma parte em especial é minha preferida e foi a que me nocauteou na época. É a fala do grande Mestre Thiago Belém (O gatão da capa). 
" - Eles procuram se sentir bem treinando, mas eles tentam provar isso pra terceiros...
Eles procuram ídolos, pessoas idolatradas que reconheçam o potencial deles mesmos.. Eles se esquecem..."
"- Eles tem que fazer o melhor por eles, não para os outros.. Não pode se esquecer." 

Os tempos mudaram, os treinos mudaram, os vídeos mudaram, as mensagens transmitidas mudaram, e infelizmente as pessoas mudaram. Os grandes inspiradores e 'sábios' da época tem vidas diferentes agora e pouco se envolvem na disseminação da prática e isso não é ruim, é ótimo! Eles nos ensinaram muito mas poucos da geração seguinte continuou o legado, e aos poucos, de geração em geração essa mensagem está se perdendo, ou sendo esquecida de ser transmitida.
Seja pelo David Belle, Yamakasi, PkGen, Thiago Belém, Alberto Brandão, Pedro Santigas, Duddu Rocha, ou qualquer outro que tenha dedicado tempo para viver e transmitir essa mensagem, se ela chegou até você, repasse-a!!

Não deixe esse responsabilidade para o próximo, seja grato aos mensageiros que vieram antes e retribua esse favor as próximas gerações.
Seja ensinando, ou por conversas informais, produzindo novos textos ou vídeos que agreguem valor, compartilhe seu conhecimento de alguma forma. Mas não em troca de likes ou seguidores, mas prol de uma comunidade unida, integra e viva.
É difícil eu sei, estou nessa luta ha algum tempo. Mas quanto mais gente menor o peso pra cada um carregar.
E você, o que acha disso tudo? O que podemos fazer pra mudar essa cultura e nos aproximar da cultura ideal (ou a que existia nos primeiros anos de parkour em Lisses) ?
Tem algum texto ou vídeo que marcou sua jornada?

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